sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Conto.: Personificação Do Prazer

por Marina Ramos


Bárbara estava decidida. Aquele seria um dia diferente, especial. Após três semestres cursando Direito era a hora de dar um basta e trancar sua matrícula. Bárbara nunca pensou em ser advogada. Este era um desejo que seu pai nutria e que ela tentava realizar. Sua ligação com a arte existia desde cedo, quando aprendeu com sua avó materna a modelar a argila e criar peças em cerâmica. Durante a adolescência e juventude fez vários cursos para aprimorar seu trabalho. Sua predileção era esculpir corpos humanos. Por um mistério, Bárbara nunca conseguia transformar seus croquis masculinos em esculturas. Sempre que começava a modelar, ela acabava criando figuras femininas. Estes trabalhos a atraiam muito, eram horas dedicadas e esquecidas dentro de seu ateliê. Ela se demorava nos seios, esculpia com muita doçura e os admirava todo o tempo durante o processo de criação. Seu segredo, indecifrável para ela até então, era o desejo que vinha tomar seu corpo a cada movimento, a cada toque de seus dedos no corpo de suas obras. Cada escultura era batizada por Bárbara: Sophia, Helena e Carmem foram as primeiras e mais importantes. Bárbara já havia namorado alguns rapazes, e nunca pensou em se relacionar com mulheres, mas em seus sonhos, suas esculturas criavam vida, e vinham a sua cama, falar obscenidades em seus ouvidos. Sophia implorava por seu beijo, queria sentir a maciez de seus lábios e a ardência de sua língua explorando toda sua boca. Helena, sussurrava que queria ser tocada por ela, mas não com seus dedos e sim com a ponta de sua língua. Carmem gemia, se abria toda para Bárbara e pedia pra ser penetrada, com força e doçura ao mesmo tempo. Bárbara acordava no meio da noite totalmente molhada, sufocada por seus sonhos inebriantes. Não agüentando de tanto desejo, ela se tocava, percorrendo todo seu sexo, com seu toque leve e austero, como se estivesse modelando o barro. Ora lentamente, ora vorazmente e chegava assim ao gozo, pensando nas três mulheres que a seduziam.
Chegando à faculdade, Bárbara se dirigiu à Secretaria, onde ficou aguardando Tereza, a coordenadora do curso de Direito. Bárbara a tinha visto uma única vez, assim que ingressou na faculdade. Ela era uma mulher que aparentava uns quarenta e poucos anos, com cabelos um pouco abaixo do ombro, trajava tailleur, camisa de gola branca e salto alto. Era uma bela mulher, muito articulada e objetiva que transmitiu seu recado de boas vindas rapidamente aos calouros. Ainda relembrando estes momentos, após mais de vinte minutos de espera, a secretária anuncia que Tereza está lhe aguardando na sala de coordenação. Percebendo a porta entreaberta, Bárbara nem bate e vai logo entrando e se deparando com a mulher que não via há um ano e  meio. Ela se sentiu embaraçada com sua beleza, reparou como o tempo lhe fez bem. Tereza estava com um corte moderno de cabelo, silhueta mais esguia, e um vestido vermelho com um decote provocador. Esta visão lhe chamou atenção, seu olhar se perdeu no detalhe do vestido que mostrava despudoradamente parte dos seus seios sedutores, como os que ela esculpia em seu ateliê. Nestes segundos mágicos, Bárbara se perdeu no tempo, ficou atordoada, pensando em como poderia sentir tanta atração por uma mulher real, de carne e osso. Querer tocar naquele corpo, despir e se enlaçar, num desejo louco, que a fazia sentir seu sexo quente e molhado era confuso e sedutor. De repente ela escutou a voz suave e forte que lhe tirou deste torpor. Era Tereza pedindo para que ela se sentasse. Ainda sentindo o efeito da ebulição do seu corpo à flor da pele, Bárbara se sentou e olhou fixamente nos olhos de Tereza que logo quebrou o silêncio, perguntando o motivo pelo qual Bárbara queria se desligar do curso de Direito. Ela se embaraçou na resposta, e gaguejando fala de seu amor pela arte, de seu desejo em continuar criando suas esculturas, do toque, do prazer e as palavras foram se perdendo, virando quase um murmúrio. O que deveria ser um momento de estranhamento para Tereza, fluiu de forma contrária. Sorrindo maliciosamente da situação, ela passou sensualmente ao lado de Bárbara indo em direção à porta. Bárbara escutou o barulho da chave girando no trinco. De repente, Tereza pára em sua frente e a puxa pela mão, conduzindo-a e empurrando-a levemente contra a mesa. Numa troca de olhares sedutores, Tereza aproximou sua boca da boca de Bárbara e a beijou lentamente, sentindo a maciez de seus lábios, tocando com sua língua a língua de Bárbara, para dentre poucos segundos lhe sugar os lábios com sofreguidão. A doce Sophia lhe vinha à mente, aquela boca úmida era a sua.
Tereza tocava-lhe o corpo com sabedoria, ia direto ao que lhe excitava. A cada momento que Tereza pressionava seu corpo contra o de Bárbara, ela pressentia os espasmos que ainda viriam tomar conta de seu corpo e sentia seu sexo arder e molhar de desejo. Tereza arrancou-lhe a blusa, deixando a mostra os seus seios. Logo ela começou a envolvê-los com a ponta da língua para em seguida sugá-los com vontade, como que para saciar-se. Nesta hora, Bárbara não se conteve, e começou a tocar e sentir os bicos rígidos dos seios de Tereza ainda por cima do vestido. Como se estivesse esculpindo seu objeto de desejo, Bárbara modelava e se deliciava com os contornos do corpo de Tereza. Não conseguindo mais se conter, Bárbara puxou o vestido, até rasgar o decote, deixando a mostra parte do corpo de Tereza. Ela abocanhou um seio, enquanto acarinhava o outro com sua mão. Tereza se rendeu, tomou o lugar de Bárbara, acabou de se despir, e deitou sobre a mesa, puxando com volúpia Bárbara pra cima de si. Assim como Helena, ela sussurrava em seu ouvido que queria ser tocada e penetrada por sua língua quente. Bárbara, desconhecendo como agir, foi seguindo os gemidos de Tereza. Beijou sua boca e foi descendo pelo seu corpo, lambendo sua virilha e sentindo o cheiro de seu sexo de fêmea no cio. Passou algum tempo assim, percorrendo com sua língua por entre as pernas de Tereza, deixando-a bem inchada e molhada. Depois foi penetrando-a docemente com sua língua, sentindo seu gosto, seu calor. E assim permaneceu, entrando, saindo e lambendo-a, trazendo à tona gemidos roucos, satisfazendo assim os desejos de sua Helena que não demorou a ter seu lugar arrancado por Carmem. Tereza, enlouquecida, puxou a mão de Bárbara para dentro de si, urrando de prazer. Bárbara, sentindo a fúria dos desejos de Carmem, continuava com os movimentos dentro de Tereza, tateando, brincando com seu sexo, conhecendo todos os segredos daquela mulher. Totalmente entregue ao desejo, ela sorveu fortemente os seios de Tereza, que se abriu toda, sugando os dedos de Bárbara para dentro de si. Seu sexo foi inchando ainda mais, esquentando e molhando a mão de Bárbara. Urrando loucamente e arranhando as costas de Bárbara, Tereza chegou ao êxtase, tremendo e chorando em meio a um gozo forte e sem fim. Precisando urgentemente sentir a explosão de seu corpo, Bárbara subiu por cima de Tereza, se encaixando entre suas coxas. Foi logo esfregando seu sexo contra o sexo daquela mulher num movimento forte e ritmado, perdendo o controle de seu corpo. Em segundos que precedem o gozo, imagens das suas três esculturas e agora amantes, invadiram a mente de Bárbara  que chegou ao êxtase de uma forma como nunca havia sentido antes. Desfalecida, Bárbara encontrou nos seios de Tereza o descanso para seu corpo. Um beijo carinhoso selou aquele encontro ardente.
Bárbara saiu da sala, com a certeza que deveria continuar exercendo seu dom de artista e feliz por ter conseguido desvendar o mistério que a perseguiu durante tantos anos. Ela encontrou em Tereza a chave deste enigma, seu modelo vivo, sua musa inspiradora.
Realmente, aquele foi  um dia diferente, especial.

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