sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Conto .: C’est la vie ( Light )

por Jils

Fazia quase um ano que conversávamos pela internet, mas ela namorava e fui eu quem incentivou isso. Boba!… Tudo isso fervilhava na minha cabeça, enquanto estava sentada, a espera na rodoviária. Dúvidas sobre o que ela acharia do meu cabelo roxo, do jeans surrado e do coturno pouco feminino, me deixavam insegura.
Meu coração estava na garganta, minhas mãos trêmulas, minhas pernas bambas, e mesmo assim minha cabeça tentava se convencer de que tudo aquilo era uma brincadeira dela, que não viria. Que as ligações e promessas de vinda, eram só pra me testar, pra ver como eu ficaria.
“Ônibus São Paulo a Curitiba, plataforma B”. Anunciam!
Levanto num misto de euforia e vergonha, vejo-a, como não veria? Ela é  uma das primeiras a descer, e era exatamente como imaginava, os cabelos curtos e desarrumados da viagem e o corpo delicado mostrando de forma tímida suas curvas em baixo de uma camiseta. Me vê, e sua covinha do lado esquerdo aparece, ela abaixa o olhar… Quando chega na minha frente estende a mão, eu imediatamente a abraço e sinto seu perfume, imediatamente meus pensamentos lembram das conversas insinuantes na internet e de cenas proibidas que ela contara para mim.
Fiquei desconcertada, comecei a falar freneticamente. Deixamos suas coisas na minha casa e fomos num bar próximo, acabei encontrando outras amigas, ficamos mais a vontade e a conversa fluiu. Depois de algumas cervejas eu comecei a ficar inquieta, mas dessa vez eram meus quadris que mexiam, seguiam o compasso da música, simulavam um mexer que o corpo tanto queria. A mão passeava pelo pescoço e nuca, um calor se fazia presente, prendi o cabelo na doce ilusão de que fosse resolver.
Antes que me descontrolasse, sugeri de irmos embora. Eu não dei nenhum sinal de que algo a mais poderia acontecer naquela noite, mesmo ardendo de vontade de tocar aquela pele que há tanto desejava. Chegando em casa não estávamos com sono, deitamos no sofá do quarto e abri uma garrafa de vinho. Continuamos conversando, conhecendo pessoalmente coisas que há muito tempo já conhecíamos virtualmente. O jeito de rir, as expressões tão características e o olhar, olhar que eu conhecia sem nunca ter visto…
O vinho esquenta o corpo e as maçãs do rosto estão vermelhas, talvez seja a vergonha de estar fantasiando tantas outras coisas enquanto ela conta a sua vida. Minha mão continua passeando pelo pescoço, mas agora vai para o ombro, cabelos… querendo que fosse a mão dela ali, conhecendo meu corpo. Minha respiração começa a ficar descompassada, ela percebe, eu já não consigo disfarçar.
Ela vem em minha direção, calma e suave, passeando as pontas dos dedos na minha pela… Estremeço… um arrepio passa pelo corpo todo. Suspiros cortam a respiração alterada. Me beija, o beijo tão sonhado. Mas o desejo cresce a cada toque, as mãos agora pegam o corpo da outra com firmeza, como se quisessem uni-los em um. Não há limites, a vontade é quem guia nossas mãos… as roupas são tiradas com uma pressa quase adolescente de sentir o toque da pele por completo, de matar a curiosidade de meses…
Pode ter sido o alcool, mas a vergonha que ela dizia ter não aparecia, o quarto estava iluminado pela lua, eu via seu corpo, seus seios de mulher, suas coxas torneadas… minha boca passeou por cada centímetro daquele corpo que sempre despertou no meu tanto desejo.
Os beijos percorriam as curvas, sentiam o gosto da pele, o cheiro, sentia os tremores do corpo… Ela agora era minha, em meus braços, sujeita as minhas vontades, não fugiria. E eu tinha a noite toda para saciar meu desejo, ouvindo os gemidos contidos, a surpresa da química dos corpos que desconhecidos se uniam tão bem. O suor, as mordidas, o gozo.
Seu corpo repousa sobre o meu, entregue, totalmente despido de pudores, medos, inseguranças… nossa respiração está compassada pelo corpo uma da outra, sua franja cai sobre a testa, mas ela está sem forças para arrumar.
Ela se deixa quedar ali em mim e eu nela. Eu ainda achando que é um sonho ela estar comigo ali, realizando o que há muito era sonhado.

Nenhum comentário: